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Arquitetos: Architectural Design and Research Institute of Zhejiang University; Architectural Design and Research Institute of Zhejiang University
- Área: 10475 m²
- Ano: 2013
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Fotografias:Qiang Zhao
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Fabricantes: Jiangsu Jingtai Glass, Mei Da Group, Yihuida (Beijing) Engineering Technology
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizado em Shuyang, cidade berço da caligrafia tradicional chinesa na província de Jiangsu, a Galeria de Arte & Caligrafia foi construída para acolher e expor a herança do estilo caligráfico de Shuyang.
Conceito de projeto
Abstraindo as três cores fundamentais utilizadas na caligrafia tradicional: o preto, o branco e o vermelho, o projeto tira partido da arte da escrita em papel-arroz, criando uma experiência puramente espacial através das cores.
Inspirados nos elementos básicos da caligrafia, os arquitetos procuraram explorar e transpor os conceitos mais elementares da arte escrita para o projeto de arquitetura, trabalhando com a ideia de leveza e gravidade, abertura e fechamento além do contraste entre seus elementos e materiais.
Estratégia de projeto
O maior espaço expositivo, localizado ao longo da via principal, foi construído com uma trama de tijolos vermelhos de barro com a forma elegante de um pote de tinta. O ângulo sutil criado na esquina do edifício fortalece o caráter icônico do projeto em sua fachada principal de forma original. O tijolo de barro de Yixing foi utilizado de três maneiras distintas de forma a criar diferentes texturas ao longo do volume principal. Na parte inferior ele se sobressai na face da parede como um elemento extrudado enquanto que na parte superior, cria-se uma espécie de negativo que contribui com a riqueza material do conjunto.
O outro volume, representando a tinta, possui cantos arredondados como se o líquido estivesse escorrendo pelas suas paredes escuras pintadas com tinta fluorocarbono cinza escuro. A luz do céu azul, quando refletida nestas superfícies escuras, cria uma atmosfera sublime que faz com que este grande volume sólido pareça diluir-se e fluir para a terra.
O volume branco é definido por sua fachada ventilada de painéis de concreto branco, a qual parece leve como folhas de papel de arroz, contrastando com os outros volumes mais sólidos e pesados. Suspensos sobre um espelho d'água, os volumes brancos parecem ainda mais sutis, como as linhas etéreas da caligrafia chinesa.
A água pode ser vista como uma piscina de tinta, uma superfície tranquila que serve para comunicar o silêncio das palavras em que se está imergindo. A transição entre o espaço exterior e interior se dá por uma ponte suspensa sobre este lago estático, fazendo com que os visitantes passem por um estado quase meditativo antes de acessar o interior do edifício.
As relações espaciais dentro do edifício são controladas por diferentes layouts, alguns mais densos outros mais espaçosos. Passa-se por um estreito corredor de apenas dois metros de largura, entre um volume preto e sólido e outro branco e etéreo, como se estivéssemos transitando entre as páginas de um livro, como se estivéssemos fluindo por entre a caligrafia desenhadas no papel. Este espaço sublime desemboca em um pátio aberto, expandindo-se quase que infinitamente.
Neste pátio há uma geografia escavada de maneira divertida para onde o espaço interno se expande, convidando os visitantes a saírem por um momento para descansar a luz do céu azul.
Todas os espaços expositivos estão livres de estruturas secundárias, sem pilares ou colunas dividindo os espaços. Isso faz com que as exposições possam ser organizadas livremente de acordo com as necessidades específicas. Corredores de vidro conectam as diferentes salas a fim de facilitar um percurso expositivo contínuo, como uma narrativa escrita sobre o papel. No meio do volume de tijolos vermelhos, há uma grande abertura zenital que percorre os seus três pavimentos, preenchendo seus espaços de luz natural.
A pavimentação dos espaços externos foi inspirada nos padrões abstratos da expansão da tinta no papel. Com suas diferentes espessuras de linhas, mudanças de escala e tons de cinza, o paisagismo parece resultar de um desenho abstrato feito à nanquim.